48 HORAS – PARTE II (1990)

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Por Ronald Perrone

Oito anos depois, Walter Hill decidiu dirigir uma continuação de 48 HORAS. Contextualizando a situação de alguns indivíduos, que já era bem diferente da época do primeiro filme, em 1990 Eddie Murphy estava no topo, desfrutando de uma carreira sólida, especialmente como comediante em filmes de sucesso, como UM PRÍNCIPE EM NOVA YORK e UM TIRA DA PESADA. Nick Nolte, apesar de um percurso interessante, dividia grandes atuações com seu particular interesse em observar o fundo de garrafas de cachaça. Já o diretor Walter Hill vinha de um belíssimo filme, JOHNNY HANDSOME, mas até hoje um de seus trabalhos menos lembrados. Demonstra a habilidade do diretor como contador de história, mais focado no tour de force Mickey Rourke, e não precisou elaborar sequências de ação. Talvez seja por isso que Hill tenha resolvido chutar o balde nesse aqui.

48 HORAS – PARTE II possui certos exageros no tom, no humor, na ação, que não existem no mesmo grau em 48 HORAS (um exemplar mais sério e verossímil na medida do possível). Particularmente, sou bem mais o filme de 82. Não significa que o segundo seja ruim, como grande parte da crítica cantou na época do lançamento. Apenas destaco o fato dessa mudança de tonalidade. E é só na tonalidade mesmo, porque em relação à história e temas, é praticamente um xerox do primeiro filme.

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Reparem na falta de sutileza na sequência que Jack Cates (Nolte) aparece pela primeira vez neste aqui. Ele persegue um sujeito numa pista de corrida de moto, surge um tiroteio, uma bomba de gás pega fogo e em menos de 10 minutos de filme temos uma puta explosão! A maneira como Reggie (Murphy) entra de vez na história é igualmente exagerada, com o ônibus da prisão sendo atacado por uma gangue de motoqueiros assassinos e capotando dezenas de vezes…

Mas o importante é que as duas figuras estão de volta retomando a parceria. A trama se passa cinco anos depois dos acontecimentos do filme anterior e dessa vez a dupla retorna para tentar encontrar o misterioso traficante de drogas, que atende pelo nome de Iceman. Murphy repete o papel de Reggie Hammond bem mais à vontade, podendo fazer suas palhaçadas tranquilamente. A cena no bar onde ele saca uma arma e faz um monólogo sobre como está tendo um dia péssimo é das melhores performances em toda a carreira de Murphy.

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Já Nick Nolte, que é o grande destaque do primeiro filme, me pareceu um tanto no piloto automático por aqui, apenas repetindo de maneira mecânica e pouco inspirada o que já tinha feito oito anos atrás. Continua o mesmo badass de sempre, por isso dá pra relevar. E a química que mantém com Murphy também ajuda. Parecem até se divertir durante as filmagens…

O grande vilão de 48 HORAS – PARTE II é o irmão do personagem de James Remar (o criminoso do filme anterior), interpretado por Andrew Divoff, um mercenário contratado para matar Reggie. Aproveita também a oportunidade para vingar a morte de seu irmão, que levou chumbo grosso de Cates. Também lidera a tal gangue de motoqueiros que, captado pelas câmeras de Hill, faz lembrar mais um grupo de cowboys modernos. E de fato, a abertura é claramente inspirada num western, gênero que Walter Hill iria se debruçar nos anos 90 com dois filmes e meio (levando em conta que O ÚLTIMO MATADOR é meio gangster, meio faroeste). O resto do grupo é formado por David Anthony Marshall e Ted Markland. No elenco temos novamente a presença de Brion James, além de Kevin Tighe e Ed O’Ross.

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Essa segunda parte da série ainda se beneficia por mais algumas doses de ação muito bem filmadas, com destaque para o clímax final, uma confusão de tiros, socos e explosões. E só por essas sequências, a experiência de ver essa belezinha já vale a pena. O veredito é de que eu gosto bastante de 48 HORAS – PARTE II, para mim seria extremamente difícil rejeitá-lo, tendo novamente a reunião dessas duas figuras, Nolte e Murphy, em uma aventura policial inédita, mesmo fazendo as mesmas coisas vistas no filme anterior. No entanto, não nego o fato de que este capítulo poderia chegar mais longe se os realizadores tivessem feito uma variação mais ambiciosa, levado a trama para outros caminhos, ou até mesmo se aprofundado ainda mais na construção dos personagens, nas suas relações, enfim, não tornar 48 HORAS – PARTE II em um simples repeteco do primeiro filme. Essa sensação fica ainda mais forte se os dois exemplares forem assistidos em sequência.

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