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A ÁRVORE DA MALDIÇÃO (The Guardian, 1990), William Friedkin

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por Leandro Caraça

William Friedkin confessou ter realizado este filme de terror como um favor para o produtor Joe Wizan. A Árvore da Maldição não tem destaque dentro da rica filmografia do cineasta, e na época no lançamento, conseguiu pouca atenção. Às vezes parece que o diretor está parodiando a si mesmo, pois se em O Exorcista ele fez Linda Blair vomitar uma gosma verde, agora Friedkin mostra uma árvore maligna que esguicha litros e litros de sangue ao ser cortada.

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O drama do casal que, sem desconfiar, acaba contratando uma bruxa druida como babá do seu filho, nunca atinge os patamares dos grandes filmes de Friedkin. Os diálogos são rotineiros e o próprio roteiro parece que foi escrito a toque de caixa, o que vai gerar momentos indignos de alguém do calibre do diretor de Operação França. Se por um lado, a bruxa Camilla – interpretada pela inglesa Jenny Seagrove – se apresenta como uma ótima (e sensual) vilã, por outro temos um Miguel Ferrer desperdiçado como um coadjuvante qualquer. E o comediante Brad Hall, que chegou a fazer parte do programa Saturday Night Live na primeira metade dos anos 80, tem mais tempo em cena do que o recomendável.

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Ainda que Friedkin estivesse em sua fase mais complicada e o filme passe longe de ser uma produção de primeira linha, o diretor consegue manter as coisas nos eixos. Nas cenas de suspense e horror é quando ele se solta mais, dando vazão ao exagero que o filme pedia. Bem dirigidas e montadas, as sequências de maior violência tornam A Árvore da Maldição em um filme acima da média. A criatura título, uma árvore que se alimenta das almas de bebês e que também gosta de destroçar corpos de seres adultos, traz o encanto de uma época em que os monstros animatrônicos estavam em alta. Não deixa de ser um razoável exemplar do gênero, valendo mais pelos momentos em que William Friedkin oferece aquilo que o público mais quer ver. Litros e litros de sangue.

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Il Corsaro Nero (1976), Sergio Sollima

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Durante a fase de ouro do cinema popular italiano, Il corsaro nero pode ser considerado a despedida de Sollima da tela grande. Depois ele realizaria a série Sandokan para a TV e só voltaria a fazer cinema em 1989 (Passi d’amore) e em 1994 (Berlin’ 39). Infelizmente ambos os filmes não foram obtidos pela equipe do blog, assim como o spy Agente 3S3, massacro al sole. Ficamos devendo resenhas dos três para uma próxima oportunidade…

Protagonizado pelo indiano Kabir Bedi (que também estrelou a série Sandokan), Il corsaro nero é um obra de aventura envolvendo piratas italianos em conflito com a nobreza espanhola. Mas por se tratar de um filme de Sergio Sollima, pode-se esperar ação da melhor qualidade (destaque para os combates de esgrima, muito bem feitos) e algumas sequências memoráveis, como o massacre dos índios, que chega a lembrar Cannibal Holocaust, e a sentença de morte de Honorata (a linda Carole André), que interpreta a filha do vilão Van Gould (Mel Ferrer).

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Com as duas cenas acima citadas, além de várias outras, Sollima aproveita para subverter o que poderia ser um simples e ingênuo filme de aventura como qualquer outro, injetando fortes doses de ambigüidade (os heróis são os piratas, capazes de atos bem malvados) e de crítica política ao expansionismo europeu. Pode não ser uma obra-prima, mas sem dúvida é um filme que se assiste com grande prazer.

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Heráclito Maia