JUST BEFORE DAWN (1981)

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por Ronald Perrone

Jeff Lieberman foi contratado para realizar um slasher religioso chamado The Last Ritual, mas só aceitou se se tivesse a possibilidade de fazer alterações no roteiro que, segundo o próprio diretor, não prestava. Lieberman já tinha comprovado seu talento com os dois longas anteriores, Squirm (1976) e Os Assassinos do Raio Azul (1978), era visto naquele período como uma espécie de auteur do gênero, portanto, os produtores não pensaram duas vezes e deixaram o homem fazer as mudanças que bem entendesse desde que não fugisse das fórmulas do slasher movie, tão em voga naquela altura.

Inspirado em Amargo Pesadelo (1972), de John Boorman, Lieberman criou um horror rural de primeira linha e cortou tudo relacionado a religão, não teria mais ritual algum na história, o título original não fazia mais sentido. The Last Ritual acabou virando Just Before Dawn.

Outras referências óbvias que vem em mente quando se pensa na concepção deste aqui é O Massacre da Serra Elétrica (1974), de Tobe Hooper, e Quadrilha de Sádicos (1977), de Wes Craven. Mas o curioso é que Lieberman diz em entrevistas que ainda não havia assistido a essas duas obras na época.

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A trama é a mais básica possível e segue cinco jovens que vão parar numa região montanhosa e de mata fechada, após um deles herdar um terreno no local, para acampar e conhecer o lugar. Dão de cara com os habitantes da região que não são nada muito simpáticos, com exceção de Roy, uma espécie de policial local, interpretado pelo grande George Kennedy, que os alerta sobre os perigos da região. Durante o percurso, encontram Ty, vivido pelo grande Mike Kellin, um bêbado que faz o mesmo alerta de não seguirem viagem.  Mas as coisas ficam seriamente feias quando dois irmãos gêmeos caipiras e assassinos, empunhando machetes, resolvem fatiar quem entra em seus caminhos.

Logo no início de Just Before Dawn, Lieberman assume não estar muito interessado em desenvolver conteúdos e subtextos para reflexão, apesar da óbvia leitura do conflito entre civilizados e mocorongos rurais. Aqui a preocupação é segurar a atenção do espectador com várias situações de tensão atmosférica e choque visual, sem apelar para o gore, apenas trabalhando a construção do suspense, utilizando a geografia local e a trilha sonora que é uma beleza. E não são poucos os momentos em que Lieberman consegue excelentes resultados, deixando o espectador arrepiado, como na cena em que uma das personagens descobre que quem está lhe acariciando debaixo d’água não é seu namorado. A sequência final também é de tirar o fôlego, literalmente. Para fazer um dos personagens eliminar um dos assassinos, Lieberman resolveu pensar numa maneira que nunca ninguém tivesse filmado antes. A solução encontrada é de uma brutalidade subversiva e totalmente inesperada!

Os amantes do horror que desejam ver algo diferente, que fiquem logo avisados. É esse tipo de originalidade que Lieberman prepara para quem vai encarar Just Before Dawn.

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