por Leandro Caraça
O LADRÃO DO ARCO-ÍRIS é o outro filme renegado pelo artista Jodorowsky e pela maioria de seus fãs. Mal terminou Santa Sangre, o sujeito aceitou o convite de Alexander Salkind para dirigir um roteiro escrito pela esposa do produtor, admiradora da obra do cineasta. O problema é que Jodorowsky estava proibido de mudar uma linha sequer do script, e qualquer violência visual que quisesse inserir na tela seria também vetada. Haviam até homens de Salkind diariamente no set de filmagens controlando os passos do diretor, que confessou ter feito o filme apenas pra sentir o gosto de ter tanto dinheiro para gastar, além de poder trabalhar com nomes como Christopher Lee, Omar Shariff e Peter O’ Toole – que desde o início não foi com a cara de Jodorowsky. E vice-versa.
Ainda que O LADRÃO DO ARCO-ÍRIS seja só um trabalho de encomenda e sem muitos excessos – o maior deles é ter Christopher Lee confraternizando com uma trupe de mulheres semi-nuas – é uma obra simpática e agradável de assistir, muito graças ao talento de Omar Shariff. Ele é o ladrão do título, que oferece abrigo e comida ao excêntrico O’Toole na esperança que o comatoso tio deste (Lee), bata as botas e lhe deixe a sua fortuna como herança. Novamente, artistas mambembes e de circo se fazem presentes num filme de Jodorowsky. Pode não ser o que se espera de alguém que fez EL TOPO, mas afinal, o mesmo cara de ERASERHEAD também não fez UMA HISTÓRIA REAL? Assista sem preconceitos.